sexta-feira, 30 de outubro de 2015

30/10/2008

O parto

8:58
Damos entrada no Hospital Nossa Senhora do Rosário.

9:10
Dou entrada no bloco de partos.

9:30
Sou chamada. Algumas perguntas. Despem-me, vestem-me uma bata e mandam-me andar um bocadinho no corredor. Entretanto vou entregar a roupa ao papá e buscar as coisas da bebé.

10:00
Mais algumas perguntas, e um comprimidinho para tomar...

10:30
Depois de muito andar começo a sentir algumas contracções. Não doíam, mas sentia-se perfeitamente o útero a contrair.

11:00
Vêm buscar-me para a sala de partos. Ligam o CTG, o soro e lá começo a ver marcar a intensidade das contracções. Eram muito fortes e seguidas, mas eu não sentia absolutamente nada...
Perguntei a uma enfermeira se o papá podia ir para ali comigo. Disseram-me para ele ir almoçar. E ele sem saber de nada desde as 9:30. E eu sem lhe poder dizer nada.

12:00
Começo a sentir umas dorzinhas. As contracções continuam muito seguidas e intensas. Continuo sozinha...

12:30
Finalmente o papá veio ter comigo. Não que o tenham chamado. Ele é que foi saber o que se estava a passar e deixaram-no entrar.

As horas vão passando, as dores apertando, as contracções também. Ele continua ali comigo, a dar apoio. Tão querido comigo. Mas tão nervoso...

14:30
Vem a médica ter comigo. Pela primeira vez, depois destas horas todas, sou vista. Um para dois dedos de dilatação. Trabalho de parto ainda muito atrasado.

16:00
Vem novamente a médica ter comigo e rebenta-me as águas. A médica põe-me um gel e a partir daí começaram as dores...
A intensidade das contracções baixou para metade, mas comecei a sentir dores como ainda não tinha sentido. A partir desta altura comecei a pensar: se isto é agora como vais ser no período expulsivo?

17:00
Muitas dores mesmo. Tentava fazer a respiração que tinha aprendido nas aulas, mas a parte de estarmos descontraídas quando vem a contracção é muito complicada...
Chamo a anestesista para saber quando me vão dar a epidural. Segundo ela ainda estava tudo muito atrasado e era melhor esperar.

17:30
Vem novamente a médica ver em que ponto estava. Novo toque. Mais algum líquido amniótico a sair. Só aí é que consegui ver a cor. E estava já num tom acastanhado, o que não era nada bom sinal... Estava cheio de mecónio...
É nesta altura que a médica me diz que vão avançar para a cesariana. Acho que fiquei um bocadinho aliviada por tudo se ir desenrolar mais rapidamente do que estava à espera...

17:45
O papá é convidado a sair. Sou levada para a sala de cirurgia, e começam os preparativos.

18:00
Dão-me a epidural (não doeu nada!), mas só me faz efeito nas pernas. Só o soube depois do médico fazer um pequeno teste (a sangue frio) na minha barriga.
Entretanto tinham-me colocado uma máscara de oxigénio, que foi trocada por outra assim que viram que a epidural não estava a fazer efeito.
E parece mesmo que eles estavam com pressa. Puseram-me outra máscara e apaguei completamente.

Acordei uma hora depois. Ainda estava na mesma sala. Perguntei por ela, disseram-me que estava bem, que já a tinham mostrado ao pai. Tinha nascido às 18:16, com 3,040 kg.
Estava tão abananada que não me lembro bemdo que perguntei, do que me disseram...
Levaram-me para a sala de recobro, e a anestesista veio ter comigo, disse-me que tinha uma menina linda e que já ma levavam.
Explicou-me que não tinham conseguido fazer a recolha do sangue do cordão umbilical, para criopreservação, mas que já tinham explicado tudo ao meu marido.
Resultado: a minha menina estava já muito aflita. Tinha três circulares de cordão no pescoço, para além do mecónio. Índice de apgar ao primeiro minuto 4, ao quinto 8 e ao décimo minuto 10.

Quando me trouxeram a minha menina tudo parou. É uma sensação indescritível. Tive tanta pena do pai não poder estar connosco naquele momento. Só o vimos quando me levaram para o quarto, durante uns dois minutos... Custou tanto não poder estar com ele um bocadinho...

Seguiram-se três longos dias de internamento... E outras tantas noites sem dormir... Mas tudo vale a pena...

#parto

Sem comentários:

Enviar um comentário